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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A autorrevelação de Deus: Ele tem um nome?

            No  undo moderno, o nome de uma pessoa é apenas um rótulo de identificação. Nos tempos bíblicos, porém, os nomes pessoais costumavam ser escolhidos para informar, descrever de algum modo o caráter da pessoa ou as circunstâncias na ocasião do seu nascimento. Do mesmo modo, as Escrituras se referem com frequência aos nomes de Deus como modo de revelar o seu caráter. O Antigo Testamento celebra constantemente o fato de que Deus tornou o seu nome conhecido a Israel. Dentre os muitos nomes de Deus no Antigo Testamento, temos, na tradução para a nossa língua, deus Todo-Poderoso (Gn 17.1; 35.11), Altíssimo (Nm 24.16), Deus Altíssimo (Gn 14.18-22), o Criador de Israel (Is 43.15), o Santo (Is 43.15), o Santo de Israel (Sl 89.18).
            Não há dúvida de que o nome mais importante de Deus no Antigo Testamento é Yahweh, conforme a grafia empregada pelos estudiosos mais recentes (Jeová na grafia mais antiga), ou "o Senhor", como em várias traduções modernas da Bíblia. Apesar de Deus ter-se revelado aos patriarcas como Yahweh antes do tempo de Moisés (Gn 15.7; 28.13), ele declarou a Moisés que esse nome era especialmente significativo em seu tempo e o seria para o restante da história de Israel. Quando Deus falou a Moisés da sarça ardente, Moisés perguntou qual era o nome Deus. A primeira resposta foi "Eu Sou o que Sou" (ou "Eu Sereis o que Serei), nome abreviado em seguida para "Eu Sou". Deus é "O Senhor (o nome usado no lugar de Yahweh, traduzida como "Eu Sou"), o Deus de vossos pais" (êx 3.6, 13-16).
             O nome Yahweh é envolto em grande mistério. Tradicionalmente, esse nome em todas as suas formas era considerado o foco do caráter eterno, autossuficiente, autônomo e soberano de Deus, o modo sobranatural de existências que o sinal da sarça ardente havia indicado. Em tempos mais recentes, esse nome é associado de momdo bastante próximo à ideia de Deus é fiel e guarda a sua aliança. Quando Deus falou pela primeira vez na sarça ardente, revelou-se como Aquele que havia feito promessas aos patriarcas por meio da aliança firmada com eles (Êx 3.6). Essa revelação levou Moisés a perguntar o nome de Deus. Quando Deus revelou o seu nome como Yahweh, anunciou que não era apenas o Deus do passado, mas também o Deus que se lembra das promessas que havia feito na aliança e que opera em favor para os israelitas no Egito. Numa ocasião posterior de sua vida (Êx 33.18 - 34.7), Moisés pediu para ver a "glória" de Deus e, em resposta a esse pedido, Deus proclamou seu nome, Yahweh, da seguinte maneira: "Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado...". A fidelidade de Deus em cumprir suas alianças reaparece com frequência em passagens posteriores das Escrituras (Dt 7.9; Ne 9.7-8; Is 61.8; Jr 31.31-34). Tudo isso faz parte da revelação de sua natureza, pela qual ele deve ser adorado para sempre.
                Assim, não é difícil entender por que o nome de Deus é ligado muitas vezes à sua posse e autorização (Êx 23.21; Dt 18.19; 2Cr 7.14, Is 43.7). Também representa a presença invocável de Deus no templo de Salomão, onde está intimamente associado aos olhos atentos, ouvidos abertos e coração receptivo de Deus (2Cr 7.14-15). Nesse sentido, o nome de Deus é o objeto de oração e louvor (Sl 8.1; 113.1-3; 145.1-2; 148.5,13).


Fonte: Artigo extraido da Bíblia de Estudo de Genebra
2ª Edição Revisada e Ampliada

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A Bíblia diz que o cristão não pode criticar?

Por: André Sanchez

Em alguns dos textos que produzo, vez ou outra, trago criticas àquilo que avalio não estar em conformidade com a Palavra de Deus, a sã doutrina. É evidente que estou ciente de que trazer criticas a certos comportamentos e grupos no meio gospel desagradaria algumas pessoas, mas, nas últimas semanas, tenho recebido, principalmente, dois tipos de comentários bem repetidamente: O primeiro dizendo que, como cristão, não posso julgar, que a Bíblia proíbe isso. Sobre esse comentário já escrevi uma resposta no artigo “A Bíblia diz que o cristão não pode julgar?”. O segundo dizendo que a Bíblia não diz para o cristão criticar. Uma pessoa chegou a me dizer que não acreditava ser possível se fazer uma crítica construtiva e que os cristãos não devem “falar mal” ou criticar um assunto, pessoa ou grupo “a” ou “b”, antes, devem orar sobre aquilo ao invés de provocar discussões sobre o tema, através da critica, principalmente se se tratar de criticas a líderes de igrejas.

 
A Bíblia diz que o cristão não pode criticar?
Assim, resolvi pontuar, em uma breve pesquisa que fiz, alguns textos bíblicos a respeito das criticas. Não vou me ater nas explicações desses textos. Vou apenas citá-los e deixar que cada um faça sua critica – se você achar que a Bíblia aprova o cristão ser crítico – se não aprova isso, não faça nada, apenas medite nesses textos, se é que isso é possível.

Paulo critica os falatórios profanos de Himeneu e Fileto: “Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto.” (2 Timóteo 2.17)

Jesus critica a postura dos fariseus com relação ao próximo: “Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.” (Mateus 23.4)

Jesus critica – com palavras e atitudes – os que contaminavam o templo com sua vendas profanas e os chama de salteadores (ladrões): “Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.” (Mateus 21.12-13)

João critica as palavras e atitudes maliciosas de Diótrefes: “Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja.” (3 João 1.9 -10)

Paulo critica a atitude de Elimás, o mágico, por atrapalhar a pregação da palavra de Deus ao procônsul : “Todavia, Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor?” (Atos dos Apóstolos 13.9-10)

Paulo critica a atitude fingida de Pedro e dos que estavam com ele: “E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gálatas 2.13)

Jesus critica alguns grupos de religiosos de sua época: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas, adornais os túmulos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas! Assim, contra vós mesmos, testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?’ (Mateus 23.27-33)


PS.: É evidente que nem todo tipo de critica é boa e edificante. Existem pessoas que criticam com o único e exclusivo intuito de causar problemas. Porém, não podemos negar que a critica faz parte da defesa da fé e da exposição e defesa da verdade. Nem sempre ela é agradável, mas ela é necessária em muitos momentos – e é sim bíblica.

E VOCÊ, ACHA QUE A BÍBLIA NOS PROÍBE DE CRITICAR?

Fonte: Blog Esboçando Ideias.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

E-book gratuito: Sermões para Crianças

E-book gratuito lançado pelo Projeto Ryle


Baixe gratuitamento o e-book "Sermões para Crianças", escrito por J.C. Ryle e traduzido pelo ministério Projeto RyleEsse livro contêm 7 sermões escritos especialmente para crianças. 

Uma Admoestação a Jovens Evangélicos que Abraçam a Cultura (John Piper)


Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica (2Tm 4:10).

Neste vídeo, John Piper nos alerta sobre um amor pelo mundo que torna o ministério impossível - um amor pelo mundo que ou leva ao abandono do ministério, ou torna o ministério tão secular que ele se torna inútil.

Steven Lawson - As Profecias Cumpridas Demonstram a Inspiração



Neste vídeo, Steven Lawson fala sobre as inúmeras profecias da Bíblia, exemplificando com as várias profecias cumpridas no próprio Velho Testamento e as profecias cumpridas em Cristo, e como elas atestam que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Tradução: Editora Fiel © Todos os direitos reservados.

Quem Não é Covarde? (2Tm. 1.7) - Solano Portela




Trecho da mensagem pregada por Solano Portela na Conferência Fiel para Pastores e Líderes 2012.

28ª Conferência Fiel para Pastores e Líderes - Brasil
Tema: Alicerces da fé cristã - O que me torna um cristão?
Ano: 2012
Preletor: Solano Portela

Os Notáveis Sem Nomes

Jaime Marcelino é pastor da Igreja Presbiteriana de Cidade Nova, em Manaus, e fundador da Conferência Encontros da Fé Reformada em sua região. Ele prega, frequentemente, em conferências no Brasil, tendo participado da Conferência Fiel em 2006. Jaime é casado com Francisca, com quem tem duas filhas.
 
 
 
Num mundo altamente competitivo como o nosso, é natural que "todos" os homens busquem patamares socioeconômicos cada vez maiores! Afinal, desde que ocorreu a queda da humanidade em Adão, conscientemente ou não, existe uma perversa concorrência universal! Por isso, já ouvimos pai ou mãe falando: 'estude mais e mais, meu filho, senão você não será alguém na vida'.
Então, desde o nascimento até o momento da morte, a competitividade se faz presente no nosso dia a dia, quando o que vale é estudar na "melhor escola", ganhar o "melhor salário", ser "cabeça e não calda", ser o "melhor atleta", etc. Mas, o que está por trás desse modo de pensar? Parece que tudo isso tem a ver com a ideia de grandeza, que torna o homem mais forte, mais famoso e mais feliz, dizem!
Por outro lado, lendo o que o apóstolo Paulo escreveu ao seu companheiro de jugo em Filipenses 4: 3: "também com Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontram no Livro da Vida", eu julgo ser animador considerar algo daqueles a quem Paulo chamou de "meus cooperadores", mas cujos nomes não foram mencionados! Terá sido isso um demérito? O que diz o mundo acerca disso? Não é verdade que tendemos a nos entristecer quando os homens se esquecem de nós? Ou quando os outros recebem mais destaques do que nós?
Consideremos, então, a seguir, algumas coisas em Filipenses 4: 3, sabendo, de antemão, que os "cooperadores" de Paulo foram preciosíssimos aos olhos de nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, ainda que seus nomes não tenham sido registrados!
Quem são os notáveis sem nomes?
A simples resposta para essa pergunta é: pela maneira do apóstolo Paulo descrever esses que estamos chamando de notáveis, não sabemos quem eles são. Porque, quando o apóstolo fez seu apelo ao seu "fiel companheiro de jugo", citou apenas o nome de "Clemente"; e, quanto aos seus outros cooperadores, não lhes designou "nomes". Na verdade, deles o apóstolo somente disse: "e com os demais cooperadores meus...". Em outras palavras, esses tais, pelo menos para nós e para o mundo, desde que a carta foi escrita, ficaram no anonimato. Ou seja, não se sabe quem eles são; não se sabe quais são seus respectivos nomes! Entretanto, embora não possamos identificá-los, estamos certos de que eles foram tidos por notáveis, em razão da obra que realizaram. Isto é certo e justo, uma vez que o apóstolo inspirado chamou-os de "cooperadores meus". Então, certamente eles eram pessoas "que obtiveram bom testemunho por sua fé" 1.
Em síntese, eles são aqueles homens e mulheres (provavelmente havia mulheres) que ficaram conhecidos, não pelos seus nomes, mas pelo que fizeram, isto é, pelas suas boas obras.  Ora, pensemos em alguns poucos exemplos: Quem, porventura, conhece alguém que, mesmo sendo escravo (hoje diríamos que se trata de uma empregada doméstica), foi um excelente instrumento para que o Deus de Israel fosse conhecido de um famoso estrangeiro? Qual é o nome dessa pessoa? A Bíblia mostra a obra dessa pessoa, mas não a identifica pelo nome. Na verdade, a Bíblia simplesmente a chama de "uma menina". Quem é, pois, essa "menina"? O que ela fez? Tal menina influenciou um comandante e um rei estrangeiros, de maneira que, pelo menos um deles, chamado Naamã, conheceu a bondade do Deus de Israel 2. Além dessa "menina", citemos outro exemplo bíblico de "um notável sem nome": uma idosa que fez uma notável oferta! Ora, todos nós sabemos que dar ou ofertar faz parte do quadro das "boas obras... as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef 2: 10). Por outro lado, sabemos que muitos, de fato, ofertam ou contribuem, porém poucos agradam a Deus nesta questão. Por quê? Porque, geralmente, os religiosos ofertam sem a graça do Senhor, isto é, a maioria dos religiosos não sabe, por experiência, o que está escrito:
"Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra" (2Co 9: 7,8).
Perguntemos: ofertar ou contribuir, segundo a graça do Senhor, é tarefa para muitos ou para poucos? E mais: Quais são os nomes daqueles que estão entre nós e que ofertam ou contribuem corretamente, por estarem cheios de graça de Deus? Quem os conhece? Quem sabe identificá-los com absoluta certeza? Ora, somente o Senhor Deus sabe quais os que "dão com alegria", isto é, os que ofertam com desprendimento. Portanto, vejamos o exemplo disso, naquela pessoa idosa que nem nós, nem o mundo, sabemos qual é o seu nome; o Senhor, porém, o sabe! Trata-se de uma "certa viúva pobre" (Lc 21: 1-4):
"Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento"
Qual é o nome dessa viúva? Qual, dentre as multidões, estava interessado nela? Do ponto de vista humano, os ricos não eram vistos como grandes doadores? No entanto, essa mulher sem nome foi tida como a maior contribuinte dentre todos. Em outras palavras, ela era conhecida de Deus e não dos homens. Diante de tudo isso, podemos estar certos de que, aqui, temos um princípio bíblico extraordinário, a saber: "não importa tanto o ser reconhecido dos homens, mas sim, ser conhecido de Deus". Ora, todos nós sabemos quantos esforços muitos estão realizando para se tornarem conhecidos dos homens. Na verdade, o fazer seu nome notório é próprio do homem natural. Daí surgirem com facilidade disputas e concorrências, ainda que de forma velada, em todos os lugares, inclusive no meio religioso. É por isso, pois, que nosso Senhor advertiu Seus discípulos a que não andassem buscando o reconhecimento ou aplausos dos homens; pois, se assim o fizessem, não receberiam o "galardão do Pai celestial", que está continuamente atento às necessidades dos Seus filhos 3.
Mais uma vez, atrevo-me a proferir uma espécie de máxima bíblica: que adianta o homem ser conhecido do mundo inteiro, e não ser conhecido de Deus? Que adianta ter o seu nome gravado em letras de ouro, seja nos prédios públicos ou escrito nos mais famosos jornais, e não fazer a vontade de Deus, que é glorificá-Lo? Ora, quando isso acontece, a Bíblia diz tratar-se de irracionalidade, como podemos ver no Livro dos Salmos 4.
Por outro lado, que testemunho maravilhoso a Bíblia dá, através do apóstolo Paulo, dos homens e mulheres mencionados em Filipenses, ainda que eles não sejam identificados por seus respectivos nomes! No entanto, eles são os conhecidos de Deus; Deus os ama; Deus lhes conferiu dignidade; Deus lhes deu o glorioso nome de cristão; sobre eles repousa o Espírito da glória e de Deus. Mais ainda: eles podem não ser conhecidos dos homens, agora; todavia, virá o Dia em que todos eles serão "manifestados com [Cristo Jesus], em glória", e todos os homens e mulheres de todos os tempos os verão como notáveis e felizes! 5 Assim, penso que a pergunta "quais são os verdadeiros notáveis sem nomes?" foi devidamente respondida: são os desconhecidos dos homens, mas bem conhecidos de Deus!
Qual é, pois, o seu nome, meu irmão, que lê esse artigo nesse momento? E qual é o seu nome, minha irmã? Vocês são conhecidos dos homens? Vocês estão lutando, como dizem, "por um lugar ao sol"? Não se preocupem se, por acaso, o que vocês fazem para o Senhor, ninguém o sabe! Continuem trabalhando, "não à vista dos homens", mas para o Senhor. Que as mulheres dos pastores não se preocupem se elas forem chamadas de "mulheres sem nomes". Lembrem-se: o Senhor Deus conhece seu labor! Que os que se colocam em oração continuamente não se preocupem em fazer isso conhecido dos homens, pois o que importa é que suas orações sejam ouvidas por Deus, que diz: "taças de ouro cheias de incenso [...] são as orações dos santos" 6. Enfim, que cada um trabalhe com discrição, sem alarde, fazendo tudo para o SENHOR, sem se importar com os elogios dos homens, pois agindo assim, receberemos o louvor que procede de Deus e não dos homens 7. Afinal, o Senhor disse: "Aos que Me honram, honrarei, porém os que Me desprezam serão desmerecidos" 8.
Por que tais pessoas são tidas por notáveis?
a) Eles são considerados notáveis ou "eminentes" ou "dignos de louvor", por causa da natureza da obra que realizaram! O que eles fizeram? Realizaram obras dignas do evangelho de nosso Senhor – Paulo os chamou de: "cooperadores meus". Oh! Que maravilhosa obra é o envolvimento direto ou indireto na evangelização de pessoas! Por isso, a Bíblia afirma: "Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!".
b) Eles são considerados notáveis, porque seus nomes se encontram em lugar sobremodo destacado. Ou seja, ainda que não os conheçamos pelos respectivos nomes, seus "nomes se encontram no Livro da Vida". Porventura, há maior honra do que esta? Há grandeza comparada com os nomes que estão no "Livro da Vida"? Que privilégio é saber que, naquele Dia, nosso Senhor Jesus ordenará que Seus fiéis sentem-se, como Ele disse, "no meu trono, assim como eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono" 9! Quanta honra! Quanta dignidade têm aqueles cujos nomes se encontram no Livro da Vida! Isso é tão elevado que não há nenhuma alegria deste mundo que o suplante; por isso, disse o Senhor Jesus: "Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus" 10. Que gloriosa notoriedade!
c) Eles são notáveis por causa da sua notável e perpétua condição. Quem são eles de fato e de verdade? Qual é a condição deles? Resposta: eles são "um tesouro particular do SENHOR" 11; eles fazem parte da grande família de Deus, da "igreja dos primogênitos arrolados nos céus" 12. Eles são aqueles em quem o Deus eterno se alegrará eternamente, como está escrito: "O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" 13.
Há, pois, algo que seja mais importante e mais digno de apreciação, algo que seja considerado como a fonte mais segura de gozo, alegria e exultação, do que a certeza de ter seu nome arrolado nos céus? Certamente, esses notáveis sem nome têm uma promessa que é simplesmente indescritível – "eles verão a Deus" por toda a eternidade! Essas, pois, são as três maravilhosas razões para estes homens e mulheres serem tidos por "os notáveis sem nomes": a) A natureza da obra que realizaram; b) Seus nomes se encontram em lugar sobremodo destacado; e c) Sua notável e perpétua condição!
E você que lê esse artigo nesse momento, está certo de que seu nome está escrito no "Livro da Vida"? Se não, saiba que todos os notáveis de quem escrevi também já estiveram sem Deus no mundo e sem Cristo; no entanto, eles creram que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores. Então, creia e você terá a verdadeira grandeza, a que procede de Deus!

1 - Hebreus 11:39
2 - 2 Reis 5:1-19
3 - Mateus 6:1-6
4 - Salmos 49:11,12; 16-20
5 - Colossenses 3:3,4
6 - Apocalipse 5:8
7 - Romanos 2:29
8 - 1 Samuel 2:30
9 - Apocalipse 3:21
10 - Lucas 10:20
11 - Malaquias 3:16,17
12 - Hebreus 12:23
13 - Sofonias 3:17

Fonte: Editora Fiel

A Morte de Uma Igreja


Hernandes Dias Lopes é bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas-SP e doutor em Ministério pelo Reformed Theological Seminary em Jackson, Mississippi, nos Estados Unidos. Foi pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Bragança Paulista no período de 1982 a 1984 e desde 1985 é o pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-IPB. Hernandes é conferencista e escritor de mais de 70 obras. É casado com Udemilta Pimentel Lopes e pai de Thiago e Mariana.
 
As sete igrejas da Ásia Menor, conhecidas como as igrejas do Apocalipse, estão mortas. Restam apenas ruínas de um passado glorioso que se foi. As glórias daquele tempo distante estão cobertas de poeira e sepultadas debaixo de pesadas pedras. Hoje, nessa mesma região tem menos de 1% de cristãos. Diante disso, uma pergunta lateja em nossa mente: o que faz uma igreja morrer? Quais são os sintomas da morte que ameaçam as igrejas ainda hoje? Em primeiro lugar, a morte de uma igreja acontece quando ela se aparta da verdade. Algumas igrejas da Ásia Menor foram ameaçadas pelos falsos mestres e suas heresias. Foi o caso da igreja de Pérgamo e Tiatira que deram guarida à perniciosa doutrina de Balaão e se corromperam tanto na teologia como na ética. Uma igreja não tem antídoto para resistir a apostasia quando abandona sua fidelidade às Escrituras nem a inevitabilidade da morte quando se aparta dos preceitos de Deus. Temos visto esses sinais de morte em muitas igrejas na Europa, América do Norte e também no Brasil. Algumas denominações históricas capitularam-se tanto ao liberalismo como ao misticismo e abandonaram a sã doutrina. O resultado inevitável foi o esvaziamento dessas igrejas por  um lado ou o seu crescimento numérico por outro, mas um crescimento sem compromisso com a verdade e com a santidade. Não podemos confundir numerolatria com crescimento saudável. Nem sempre uma multidão sinaliza o crescimento saudável da igreja. Uma igreja pode ser grande e mesmo assim estar gravemente enferma. Sempre que uma igreja troca o evangelho da graça por outro evangelho, entra por um caminho desastroso.
Em segundo lugar, a morte de uma igreja acontece quando ela se mistura com o mundo. A igreja de Pérgamo estava dividida entre sua fidelidade a Cristo e seu apego ao mundo. A igreja de Tiatira estava tolerando a imoralidade sexual entre seus membros. Na igreja de Sardes não havia heresia nem perseguição, mas a maioria dos crentes estava com suas vestiduras contaminadas pelo pecado. Uma igreja que flerta com o mundo para amá-lo e conformar-se com ele não permanece. Seu candeeiro é apagado e removido. Alguém disse: "Fui procurar a igreja e a encontrei no mundo; fui procurar o mundo e o encontrei na igreja". A Palavra de Deus é clara: ser amigo do mundo é constituir-se inimigo de Deus. Quem ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Há pouca ou quase nenhuma diferença hoje entre o estilo de vida daqueles que estão na igreja e daqueles que estão comprometidos com os esquemas do mundo. O índice de divórcio entre os cristãos é tão alto como daqueles que não professam a fé cristã. O número de jovens cristãos que vão para o casamento com uma vida sexual ativa é quase o mesmo daqueles que não frequentam uma igreja evangélica. A bancada evangélica no Congresso Nacional é conhecida como a mais corrupta da política brasileira. A teologia capenga produz uma vida frouxa. Precisamos voltar aos princípios da Reforma e clamar por um reavivamento!
Em terceiro lugar, a morte de uma igreja acontece quando ela não discerne sua decadência espiritual. A igreja de Sardes olhava-se no espelho e dava nota máxima para si mesma, dizendo ser uma igreja viva, enquanto aos olhos de Cristo já estava morta. A igreja de Laodicéia considerava-se rica e abastada, quando na verdade era pobre e miserável. O pior doente é aquele que não tem consciência de sua enfermidade. Uma igreja nunca está tão à beira da morte como quando se vangloria diante de Deus pelas suas pretensas virtudes. O cristão não deve ser um fariseu. O fariseu aplaudia a si mesmo por causa de suas virtudes, mas olhava para os publicanos e os enchia de acusações descaridosas. O cristão verdadeiro não é aquele que faz um solo do hino "Quão grande és tu" diante do espelho, mas aquele chora diante de Deus por causa de seus pecados.
Em quarto lugar, a morte de uma igreja acontece quando ela não associa a doutrina com a vida. A igreja de Éfeso foi elogiada por Jesus pelo seu zelo doutrinário, mas foi repreendida por ter abandonado seu primeiro amor. Tinha doutrina, mas não vida; ortodoxia, mas não ortopraxia; teologia boa, mas não vida piedosa. Jesus ordenou a igreja a lembrar-se de onde tinha caído, a arrepender-se e a voltar à prática das primeiras obras. Se a doutrina é a base da vida, a vida precisa ser a expressão da doutrina. As duas coisas não podem viver separadas. Doutrina sem vida produz orgulho e aridez espiritual; vida sem doutrina desemboca em misticismo pagão. Uma igreja viva tem doutrina e vida, ortodoxia e piedade, credo e conduta!
Em quinto lugar, a morte de uma igreja acontece quando falta-lhe perseverança no caminho da santidade. As igrejas de Esmirna e Filadélfia foram elogiadas pelo Senhor e não receberam nenhuma censura. Mas, num dado momento, nas dobras do futuro, essas igrejas também se afastaram da verdade e perderam sua relevância. Não basta começar bem, é preciso terminar bem. Falhamos, muitas vezes, em passar o bastão da verdade para a próxima geração. Um recente estudo revela que a terceira geração de uma igreja já não tem mais o mesmo fervor da primeira geração. É preciso não apenas começar a carreira, mas terminar a carreira e guardar a fé! É tempo de pensarmos: como será nossa igreja nas próximas gerações? Que tipo de igreja deixaremos para nossos filhos e netos? Uma igreja viva ou igreja morta?

Fonte: Editora Fiel

Um Evangelho que Devemos Conhecer e Tornar Conhecido

Paul Washer obteve seu M.Div. no Southwestern Theological Seminary. Serviu como missionário no Peru por 10 anos. Fundou a sociedade missionária HeartCry, através da qual iniciou suas atividades de plantação de igrejas no Peru. Atualmente apóia o trabalho missionário em mais de 20 países da América do Sul, Europa, África, Ásia e Oriente Médio. Paul é casado com Charo, com quem tem 3 filhos: Ian, Evan e Rowan.
 
"Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei..." 1 Coríntios 15.1
Um escritor ou pregador do evangelho teria muita dificuldade para elaborar uma introdução melhor ao evangelho de Jesus Cristo do que esta introdução dada pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto. 1 Nestas poucas linhas, Paulo nos oferece verdades suficientes para vivermos durante toda a vida e conduzir-nos à glória. Somente o Espírito Santo poderia capacitar um homem a dizer tanto, com tanta clareza, em tão poucas palavras.
Conhecendo o evangelho
Nesta pequena passagem das Escrituras, achamos uma verdade que tem de ser redescoberta por todos nós. O evangelho não é apenas uma mensagem de introdução ao cristianismo. Ele é "a" mensagem do cristianismo; e o crente fará muito bem se gastar sua vida em procurar "conhecer" a glória do evangelho e em "tornar conhecida" esta glória. Há muitas coisas a conhecermos neste mundo e inúmeras verdades a serem investigadas na esfera do cristianismo, mas o glorioso evangelho de nosso Deus bendito 2 e de seu Filho, Jesus Cristo, é superior a todas elas. É a mensagem de nossa salvação, o instrumento de nosso progresso na santificação e a fonte cristalina da qual flui toda motivação pura e correta para a vida cristã. O crente que compreende algo do conteúdo e do caráter do evangelho nunca terá falta de zelo, nunca será tão necessitado que buscará forças em cisternas rotas e vazias feitas pelas mãos de homens. 3

De nosso texto, entendemos que o apóstolo Paulo já tinha pregado o evangelho à igreja de Corinto. De fato, ele era o pai espiritual daqueles crentes! 4 Entretanto, Paulo viu a necessidade de continuar pregando-lhes o evangelho: não somente de recordar as suas verdades essenciais, mas também de ampliar o seu conhecimento. Na conversão deles, começaram uma jornada de descoberta que abrangeria toda a sua vida e se estenderia pelas eras intermináveis da eternidade – a descoberta das glórias de Deus revelada no evangelho de Jesus Cristo.
Como pregadores e congregantes, seríamos sábios se víssemos o evangelho novamente com os olhos deste apóstolo da antiguidade e o estimássemos como digno de uma vida inteira de investigação cuidadosa. Embora já tivéssemos vivido muitos anos na fé, embora possuíssemos o intelecto de Edwards e o discernimento de Spurgeon, embora pudéssemos entender toda publicação desde os pais na igreja primitiva, passando pelos reformadores e puritanos, até aos eruditos do tempo presente, estejamos certos de que ainda não atingimos nem mesmo os contrafortes deste Everest que chamamos de "evangelho". E isso será dito a nosso respeito mesmo depois de uma eternidade de eternidades!
Vivemos em mundo que nos oferece um número quase infinito de possibilidades, e existe um número incalculável de opções que rivalizam por nossa atenção. O mesmo pode ser dito sobre o cristianismo e a ampla esfera de temas teológicos que um aluno pode estudar. Há um número quase infinito de verdades bíblicas que um homem pode gastar a vida examinando-as. E mesmo o tema menos importante da Escritura é digno de milhares de vidas em seu estudo. Todavia, há um tema que se eleva sobre todos os demais e que é fundamental para o entendimento de todas as outras verdades bíblicas – o evangelho de Jesus Cristo. É por meio desta mensagem singular que o poder de Deus se manifesta na igreja e na vida do crente individual.
Quando examinamos os anais da história do cristianismo, vemos homens e mulheres de paixão incomum por Deus e por seu reino. Anelamos ser como eles e nos perguntamos como chegaram a possuir um zelo tão duradouro. Depois de uma consideração diligente de sua vida, doutrina e ministério, descobrimos que eles diferiram em muitas coisas, mas tiveram um denominador comum entre si. Todos eles tiveram um vislumbre da glória do evangelho, e sua beleza acendeu a paixão deles e os impulsionou a prosseguir. A vida e o legado deles provam que paixão genuína e duradoura resulta de um entendimento cada vez mais crescente e mais profundo do que Deus fez por seu povo na pessoa e na obra de Jesus Cristo! Não há substituto para esse conhecimento!
O evangelho cristão tem sido designado como "evangelho", uma palavra que vem do latim evangellium, que significa boas novas. Esta é a razão por que os crentes são muitas vezes chamados de evangélicos. Somos "evangélicos" porque cremos no evangelho e o estimamos como a verdade primordial e central da revelação de Deus para os homens. O evangelho não é um prefácio, um provérbio ou uma explicação posterior. Não é meramente a classe de introdução ao cristianismo, e sim todo o curso de estudo do cristianismo. É a história de nossa vida, as insondáveis riquezas que procuramos explorar e a mensagem que vivemos para proclamar. Por esta razão, podemos dizer que somos mais cristãos e mais evangélicos quando o evangelho de Jesus Cristo é a nossa única esperança, o nosso único motivo de orgulho e a nossa única e maior obsessão.
Hoje, são realizadas tantas conferencias no âmbito do evangelicalismo, especialmente para jovens, que têm o objetivo de estimular a paixão dos crentes por meio de música, comunhão, palestrantes eloquentes, histórias emocionais e apelos comoventes. Contudo, o entusiasmo que tais conferências produzem, seja ele qual for, desaparece rapidamente. Pequenos fogos foram acessos em pequenos corações e se acabam em poucos dias. Temos esquecido que paixão genuína e duradoura nasce do conhecimento da verdade e, em específico, a verdade do evangelho. Quanto mais "conhecemos" e compreendemos a beleza do evangelho, tanto mais somos tomados por seu poder. Um vislumbre do evangelho moverá o coração verdadeiramente regenerado a segui-lo. Cada vislumbre maior do evangelho acelerará o seu passo, até que ele esteja correndo resolutamente em direção ao prêmio. 5 A essa beleza o coração verdadeiramente cristão não pode resistir. Esta é a grande necessidade do momento! É o que temos perdido e o que temos de obter novamente – uma paixão por conhecer o evangelho e uma paixão idêntica por torná-lo conhecido. Tornando conhecido o evangelho
Não seria um exagero dizer que o apóstolo Paulo foi um dos maiores instrumentos humanos do reino de Deus, na história da humanidade e na história da redenção. Ele foi responsável pela propagação do evangelho em todo o Império Romano durante um tempo de perseguição incomparável e permanece como um exemplo do que significa ser um ministro cristão. No entanto, ele fez tudo isto por meio da proclamação simples da mensagem mais escandalosa de todas que já chegaram aos ouvidos dos homens. Ao considerarmos a vida do apóstolo Paulo, notamos que ele foi um homem excepcionalmente dotado, em especial no que concerne ao seu intelecto e zelo. Todavia, ele mesmo nos ensinou que o poder de seu ministério não estava em seus dons, mas na proclamação fiel do evangelho. Em sua primeira carta dirigida aos cristãos de Corinto, Paulo escreveu sua grande resignação:
Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. 6

Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. 7 Podemos dizer que o apóstolo Paulo foi, acima de tudo, um pregador! Como Jeremias antes dele, Paulo foi constrangido a pregar. O evangelho era como um fogo ardente encerrado em seus ossos, que ele não podia suportar. 8 Aos cristãos de Corinto, Paulo declarou: "Eu cri; por isso, é que falei" 9 e: "Ai de mim se não pregar o evangelho!" 10 Essa estimativa tão elevada do evangelho e de pregá-lo não pode ser fingida, quando não existe no coração do pregador, e não pode ser ocultada, quando existe. Deus chama diferentes tipos de homens para levarem o fardo da mensagem do evangelho. Alguns deles são mais solenes e sérios, enquanto outros são mais desatentos e joviais, porém, quando a conversa muda para o assunto do evangelho, uma mudança ocorre no semblante do pregador, e parece que você tem diante de si uma pessoa muito diferente. A eternidade está estampada na face dele, o véu foi removido, e a glória do evangelho brilha com uma paixão genuína. Tal homem tem pouco tempo para histórias fantásticas, antídotos morais ou para compartilhar pensamentos vindos de seu coração. Ele veio para pregar e tem de pregar! Não descansará enquanto seu povo não ouvir a mensagem de Deus. Se o servo Eliezer não pôde comer enquanto não entregou a mensagem de seu senhor, Abraão, 11 quanto menos um pregador do evangelho ficará tranquilo enquanto não houver entregado o tesouro do evangelho que lhe foi confiado! 12

Embora poucos discordem do que escrevi até aqui, parece que, de modo geral, a pregação apaixonada do evangelho está fora de moda. Ela é considerada por muitos como algo que não possui o requinte e a sofisticação necessários para que seja eficaz nesta era moderna. O pregador cheio de paixão que proclama ousada e categoricamente a verdade é agora considerado um obstáculo para o homem pós-moderno que prefere um pouco mais de humildade e de abertura para com outras opiniões. O argumento da maioria é que temos de mudar nossa maneira de pregar porque o evangelho parece loucura para o mundo.
Essa atitude para com a pregação é prova de que perdemos nosso senso de direção na comunidade evangélica. Foi Deus quem ordenou que a "loucura da pregação" seja o instrumento para levar ao mundo a mensagem salvadora do evangelho. 13 Isto não significa que a pregação deve ser tola, ilógica ou bizarra. Contudo, o padrão pelo qual toda pregação deve ser comparada é a Escritura e não as opiniões contemporâneas de uma cultura decaída e corrupta, que é sábia a seus próprios olhos 14 e prefere ter seus ouvidos coçados e seu coração entretido a ouvir a Palavra do Senhor. 15
Aonde quer que o apóstolo Paulo viajasse, ele pregava o evangelho. Faremos bem se seguirmos o seu exemplo. Embora o evangelho possa ser compartilhado por meio de instrumentos, não há outro instrumento tão ordenado por Deus como a pregação. Portanto, aqueles que estão buscando constantemente meios inovadores para compartilharem o evangelho com uma nova geração de pessoas interessadas fariam bem se começassem e terminassem sua busca nas Escrituras. Aqueles que enviam milhares de questionários que perguntam aos nãos convertidos o que eles mais gostariam de ver em um culto de adoração devem compreender que as inúmeras opiniões de homens carnais não possuem a autoridade de "um i ou um til" da Palavra de Deus. 16 Precisamos entender que há um grande abismo de diferenças irreconciliáveis entre o que Deus ordena nas Escrituras e o que a cultura carnal contemporânea deseja.
Não devemos nos admirar de que homens carnais tanto dentro como fora da igreja desejem teatro, música e mídia no lugar da pregação do evangelho e da exposição bíblica. Enquanto o coração de um homem não for verdadeiramente regenerado, ele aborda o evangelho da mesma maneira como os demônios gadarenos abordaram o Senhor Jesus Cristo: "Que temos nós contigo?" 17 Sem a obra de regeneração realizada pelo Espírito Santo, o homem carnal não tem nenhum interesse ou apreciação verdadeira pelo evangelho, mas, apesar disso, este milagre é operado no coração de um homem por meio da pregação do evangelho que, a princípio, ele desdenha. Portanto, devemos pregar aos homens carnais a própria mensagem que eles não querem ouvir, e o Espírito Santo deve agir! Sem isto, os pecadores não podem ver a beleza do evangelho, assim como porcos não podem ver beleza em pérolas, ou como cães não podem mostrar reverência para com carne santificada, ou como cegos não podem apreciar uma pintura de Rembrandt. 18 Os pregadores não fazem bem aos homens carnais por oferecer-lhes as coisas que seu coração caído deseja, e sim por colocar diante deles a verdadeira comida, 19 até que, pela obra miraculosa do Espírito Santo, reconheçam-na como o que ela realmente é, provem e vejam que o Senhor é bom! 20
Antes de terminar esta breve discussão sobre a pregação do evangelho, temos de falar sobre um assunto final. Apresenta-se frequentemente a teoria de que nossa cultura não pode tolerar o tipo de pregação que foi tão eficaz durante os grandes despertamentos e avivamentos do passado. A pregação de Jonathan Edwards, George Whitefield, Charles Spurgeon e outros pregadores semelhantes seria ridicularizada, satirizada e escarnecida pelo homem moderno. No entanto, esta teoria não leva em conta o fato de que estes mesmos pregadores foram ridicularizados e satirizados pelos homens de seus dias! A verdadeira pregação do evangelho será sempre "loucura" para toda cultura. Qualquer tentativa de remover a ofensa do evangelho e de tornar a pregação "conveniente" diminui o poder do evangelho. Também frustra o propósito para o qual Deus escolheu a pregação como o meio de salvar homens – que a esperança dos homens não esteja em nobreza, eloquência ou sabedoria mundana, e sim no poder de Deus. 21
Vivemos numa cultura que está presa ao pecado com algemas de aço. Histórias morais, máximas extraordinárias e lições de vida compartilhadas de um coração de um palestrante querido ou de um "tutor de vida espiritual" não têm nenhum poder verdadeiro contra essas trevas. Precisamos de pregadores do evangelho de Jesus Cristo, que conhecem as Escrituras e são capacitados, pela graça de Deus, a encarar qualquer cultura e a clamar: "Assim diz o Senhor!"

1 - 1 Coríntios 15.1-4.
2 - 1 Timóteo 1.11.
3 - Jeremias 2.13-14; 14.3.
4 - 1 Coríntios 4.15.
5 - Filipenses 3.13-14.
6 - 1 Coríntios 1.17.
7 - 1 Coríntios 1.22-24.
8 - Jeremias 20.9.
9 - 2 Coríntios 4.13. 
10 - 1 Coríntios 9.16.
11 - Gênesis 24.33.
12 - Gálatas 2.7; 1 Tessalonicenses 2.4; 1 Timóteo 1.11; 6.20; 2 Timóteo 1.14; Tito 1.3.
13 - 1 Coríntios 1.21.
14 - Romanos 1.22.
15 - 2 Timóteo 4.3.
16 - Mateus 5.18.
17 - Mateus 8.29.
18 - Mateus 7.6.
19 - Isaías 55.1-2.
20 - Salmos 34.8.
21 - 1 Coríntios 1.27-30.

Fonte: Editora Fiel

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Reino de Deus: Um reino presente ou futuro?

        O reino de Deus (também chamado de "reino dos céus", "reino do Senhor", "o reino", etc.) é a base do ensino da Bíblia como um todo. As Escrituras revelam Deus por meio de várias metafóras, mas a principal imagem empregada pelos autores bíblicos é a de Deus como rei divino (veja, p ex., 1Sm 8.7). A convicção básica de que Deus é o rei supremo é acompanhada da convicção de que a criação é o seu reino (Sl 47.1-9;83.18; Dn 4.25-26; 5.21). Nesse sentido geral, portanto, Deus sempre foi o rei soberano que, do seu trono celeste, governa sobre todas as coisas (Sl 103.19; 113.5; Mt 5.34; Ef 1.20; Cl 1.16; Hb 12.2; Ap. 7.15).
          Ao mesmo tempo, o conceito bíblico do reino de Deus também tem um sentido específico. Jesus descreve esse sentido mais estrito do Reino de Deus da seguinte maneira: "venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mt 6.10). A santidade e a glória de Deus em sua sala do trono no céu são tão sobrepujantes que todas as criaturas em sua presença o glorificam com serviço voluntário e absolutamente dedicado. Na Terra, porém, as criaturas se rebelam e se recusam a reconhecer Deus como rei, e reinos perversos se levantam para fazer frente ao reino divino. Do começo ao fim, as Escrituras apresentam a esperança de que essa disparidade entre a sala do trono no céu e a terra será, um dia, eliminada (1Cr 16.31). Deus julgará os perversos e conduzirá a humanidade redimida a uma nova criação (Is 65; Zc 14). Quando essa transformação ocorrer, somente o reino de Deus permanecerá e a obediência voluntária a ele se estenderá até os confins da Terra, do mesmo modo como a vontade de Deus é feita hoje no céu (1Cr 16.31; Sl 97.1-2).
          No entanto, como as Escrituras revelam, Deus determinou que esse fim será alcançado mediante um longo processo histórico. Na escolha de Abraão e seus descendentes como povo especial de Deus (Êx 3.6-7; 6.2-8), o reino de Deus se limitava, quase inteiramente, à nação e a terra de Israel. Deus afirmou o seu reino na terra ao liberta Israel do Egito e levar o seu povo para a Terra Prometida (Êx 15). Nos reinados de Davi e Salomão, Israel se tornou um império, com os filhos de Davi assentados no trono pertencente a Deus como seus corregentes (2Cr 6) e o templo como estrado dos pés de Deus (1Cr 28.2) Essa forma étnica e geograficamente limitada do reino não era um fim em si. Pelo contrário, a Israel do Antigo Testamento foi estabelicida como um estágio a partir do qual o reino de Deus se estenderia, em seu devido tempo, a todos os povos e nações da terra (Gn 17.17-20; 18.18; Rm 4.13-17).
              A rebelião manifesta de Israel e Judá provocou uma crise no reino de Deus. Porém, o Antigo Testamento anunciou que, depois do exílio, Deus eliminaria os perversos da terra e estabeleceria o seu reino sobre todo o planeta sem oposição (Ml 4). Nessa ocasião, a obediência plena a Deus se espalharia até aos confins da terra, abarcando judeus e gentios (1Cr 16.23-36; Sl 67; 97; Is 52.7-15).
              O Novo Testamento ensina que esse estágio final de abrangência mundial do reino de Deus se iniciou com a encarnação de Cristo. Ele e João Batista proclamaram as boas-novas de que o reino estava próximo (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15). No entanto, ao contrário das expectativas dos judeus. Jesus e seus apóstolos explicaram que o reino mundial de Deus na terra não viria repentinamente em toda a sua plenitude. Antes, em seu ministério aqui na terra, Cristo deu início ao estágio final do reino (Mt 2.2; 4.23; 9.35; 27.11; Mc 15.2; Lc 16.16; 23.3; Jo 18.37) que está em andamento hoje na igreja (mt 24.14; Rm 14.16-17; 1Co 4.19-20; Cl 4.11) e se encerrará definitivamente quando Cristo voltar em glória (1Co 15.50-58; Ap 11.15). Quando esse dia chegar, a vontade de Deus será feita por toda a terra como ela é feita hoje no céu.

Fonte: Artigo extraido da Bíblia de Estudo de Genebra
2ª Edição Revisada e Ampliada

A aliança das obras e a aliança da graça: O que é a teologia das alianças?


 No século 17, desenvolveu-se na teologia reformada uma visão de que as alianças entre Deus e a humanidade constituíam um elemento central dos ensinamentos das Escrituras. Em obras mais antigas, essa abordagem à Bíblia era chamada de federalismo. Hoje em dia, é mais comum chamar esse ponto de vista simplesmente de teologia das alianças ou teologia pactual.
Na teologia das alianças tradicional, todo o relato histórico da Bíblia foi dividido em duas relações principais de aliança: a aliança das obras e a aliança da graça. Nenhuma dessas expressões aparece na Bíblia, mas as distinções são teologicamente úteis, uma vez que refletem a unidade subjacente das Escrituras, assim como o termo “Trindade” resume um aspecto essencial da doutrina das Escrituras acerca de Deus. Essa abordagem das alianças é expressa claramente na Confissão de Fé de Westminster e nos Catecismos (CFW 7.1-5; 19.1,6; CM 31-36,97).
Na teologia reformada, a expressão aliança das obras se refere ao acordo que Deus fez com Adão antes de a humanidade cair em pecado, e não à aliança feita com Moisés no Sinai, conforme outras tradições cristãs costumam empregar essa designação. Na aliança das obras feita com Adão, Deus prometeu abençoar Adão se ele obedecesse ao mandamento divino (Gn 1.28-30), e julgá-lo caso desobedecesse (Gn 2.15-17). As obras de Adão constituíam o fator determinante, daí o termo aliança das obras (cf. Os 6.7). Nos últimos anos, tem-se questionado a utilidade de descrever a relação de Adão com Deus como aliança das obras; muitos estudiosos preferem falar apenas de um arranjo ou período de experiência anterior à queda do homem em pecado e à redenção. De qualquer modo, as Escrituras mostram que Adão não obedeceu a Deus. Assim, Deus providenciou outra aliança, a aliança da graça em Cristo.
A expressão aliança da graça é usada para descrever a relação de Deus com seu povo ao longo do restante das Escrituras. Estritamente falando, essa aliança foi firmada em definitivo com Cristo como último Adão, o representante da humanidade redimida. É chamada de aliança da graça porque opera com base na graça divina oferecida por meio da morte e ressurreição de Cristo a todos aqueles que creem nele. Alguns teólogos reformados falam de uma aliança celestial eterna entre o Pai e o Filho, a qual descrevem como aliança de redenção (Jo 6.37). A aliança da graça é a expressão histórica dessa aliança eterna.
A aliança da graça começou com a promessa feita depois da queda de que a descendência da mulher feriria a cabeça da serpente (Gn 3.15). A partir desse momento, a aliança da graça se desdobrou em cinco estágios principais ao longo do relato bíblico. Não há contradição entre esses estágios; antes, cada estágio subsequente se desenvolve com base nos anteriores.
(1) Depois da oferta inicial da graça de Deus a Adão (Gn 3.15), a aliança da graça se desenvolveu por meio da aliança da preservação da natureza firmada com Noé (Gn 6.18; 9.9-17). O enfoque da aliança com Noé é a estabilidade da ordem presente da natureza até o fim de todas as coisas, provendo, desse modo, um âmbito estável para o desdobramento do plano redentor de Deus.
(2) Em seguida, a aliança de Deus com Abraão (Gn 15; 17) deu início a vários estágios de alianças feitas com a nação de Israel como povo escolhido de Deus. Deus prometeu que os descendentes de Abraão receberiam grandes bênçãos e seriam instrumentos de bênção para toda a raça humana.
(3) Na sequência, a nação de Israel recebeu a aliança da lei mosaica (Êx 19—24) durante o êxodo da terra do Egito. Essa aliança visava conduzir Israel a bênçãos ainda maiores na Terra Prometida.
(4) Quando Davi subiu ao trono, Deus fez uma aliança real com ele (2Sm 7; Sl 89; 132), na qual prometeu abençoar os filhos de Davi que fossem fiéis e nunca tomar o trono de Israel da família de Davi.
(5) Por fim, a aliança da graça atingiu o seu ponto culminante com a nova aliança instituída por Cristo (Jr 31; Lc 22.20; 1Co 11.25; Hb 8.8-13). Essa aliança se dá em três estágios: a primeira vinda de Cristo, a História antes de sua volta e a consumação do seu reino. Nesse desenrolar da aliança da graça, seus estágios não diferem em substância; antes, são “um e o mesmo sob várias dispensações” (CFW 7.6).

Os estágios da aliança da graça manifestados nas alianças nacionais que Deus fez com Israel no Antigo Testamento tinham como propósito específico preparar o povo de Deus para a vinda do seu Filho, que cumpriria todas as promessas de Deus e daria forma às sombras dos tipos do Antigo Testamento (Is 40.10; Ml 3.1; Jo 1.14; Hb 7—10). Na nova aliança, as disposições temporárias para a concessão dessas bênçãos foram substituídas pelo cumprimento do que elas prefiguravam, ou seja, Jesus Cristo, o Mediador da nova aliança, o descendente de Abraão e herdeiro de suas promessas (Gl 3.16). Cristo obedeceu à lei perfeitamente e se ofereceu como o sacrifício legítimo e definitivo pelo pecado. Como filho de Davi, hoje Cristo reina sobre o mundo na condição de herdeiro de todas as bênçãos de perdão, paz e comunhão com Deus em sua criação renovada, conforme as promessas da aliança — bênçãos que ele concede aos cristãos no tempo presente (Rm 8.17). Cristo não apenas se entregou pelos eleitos, como também enviou do seu trono de glória o Espírito Santo e, desse modo, selou o povo de Deus como propriedade sua (2Co 1.22; Ef 1.13-14).
Como Hb 7—10 explica, a nova aliança é a expressão suprema da aliança única e eterna da graça de Deus com os pecadores (Hb 13.20) — um estágio superior àqueles do Antigo Testamento, com promessas superiores (Hb 8.6), baseadas num sacrifício superior (Hb 9.23), oferecido por um sumo sacerdote superior, num santuário superior, garantindo uma esperança superior (Hb 7.26—8.13) que não havia sido revelada de tal modo em nenhum dos outros estágios da aliança. A efetivação em Cristo das antigas alianças feitas com Israel também cumpre a promessa de que a porta da fé se abriria para um grande número de gentios. A fim de estender o reino de Deus por todo o mundo (veja o artigo teológico “O reino de Deus”, em Mt 4), tanto judeus quanto gentios se tornam descendentes de Abraão pela fé em Cristo (Gl 3.26-29), enquanto os judeus e gentios que não estão em Cristo estão também fora da aliança da graça (Rm 4.9- 17; 11.13-24).
As Escrituras descrevem os elementos das alianças de Deus com o seu povo em termos paralelos aos tratados internacionais que eram firmados entre soberanos do antigo Oriente Próximo. De maneira explícita ou implícita, quatro dinâmicas fundamentais podem ser observadas em cada um dos estágios da aliança bíblica:
(1) Deus se revela como o Rei benevolente que inicia e sustenta o seu povo escolhido em sua relação de aliança com ele.
(2) Deus exige gratidão fiel daqueles que são incluídos em suas alianças.
(3) Aqueles que violarem manifestamente as alianças divinas são julgados.
(4) Aqueles que forem fiéis a essas alianças são abençoados.

Como Rei divino do universo (veja o artigo teológico “O reino de Deus”, em Mt 4: O reino de Deus: Um reino presente ou futuro?), Deus usou as prescrições de suas alianças para levar o seu povo ao seu objetivo final: reunir um povo redimido “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7.9), que habitará numa ordem mundial renovada (Ap 21.1-5). Nisso, a relação de aliança alcançará a sua expressão mais plena: “Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3). Nos dias de hoje, o reino de Deus ainda está avançando em direção a esse alvo.
A estrutura dupla de uma aliança das obras e outra da graça descreve todo o relacionamento soberano de Deus com a humanidade. A salvação nos foi concedida porque Cristo cumpriu os requisitos da aliança das obras por meio de sua obediência perfeita. Em decorrência disso, a nossa salvação é uma salvação da aliança: justificação e adoção, regeneração e santificação são misericórdias da aliança; a eleição foi a escolha feita por Deus dos membros dessa comunidade purificada e definitiva da aliança, a igreja invisível (veja o artigo teológico “A igreja visível e a invisível”, em 1Pe 4); o batismo e a Ceia do Senhor, que correspondem à circuncisão e à Páscoa, são ordenanças da aliança; a lei de Deus é a lei da aliança e guardar a sua lei é a expressão mais verdadeira de gratidão e lealdade em resposta à graça de Deus demonstrada na aliança. A renovação dos nossos compromissos dentro da aliança com Deus em resposta à sua fidelidade deve ser um exercício devocional habitual de todos os cristãos, tanto no culto público quanto no particular. A compreensão da aliança da graça nos orienta e ajuda a apreciar não apenas a diversidade das Escrituras, mas também a sua extraordinária unidade.

Fonte: Artigo extraido da Bíblia de Estudo de Genebra
2ª Edição Revisada e Ampliada

domingo, 20 de janeiro de 2013

A criação, a queda e a redenção: Porque há tanta corrupção?

       Apesar de alguns intérpretes considerarem a história de Adão e Eva um relato figurativo, as Escrituras ensinam que existiu um indivíduo que caiu em pecado, o que fez com que a maldição de Deus caísse sobre toda a criação e a humanidade. Em Gênesis, Adão é associado aos patriarcas e, com eles, ao restante da humanidade por meio das genealogias naturais (caps. 5, 10, 11). Esse fato deixa claro que Adão existiu no tempo, no espaço e na História tanto quanto Abraão, Isaque e Jacó.
       Além disso, o apóstolo Paulo indica que a origem da condição humana decaída foi o pecado de um homem real, Adão, o qual ele descreve como o nosso antepassado comum (At 17.26; Rm 5.12-14; cf. 1Co 15.22). Essa é a interpretação autorizada do Novo Testamento dos acontecimentos registrados em Gn 3, onde encontramos o relato da queda, quando o ser humano original deixou Deus e a retidão e mergulhou no pecado e na morte.
        A teologia reformada se apoia em grande medida na realidade histórica da queda no pecado. João Calvino estruturou uma parte considerável da sua teologia em torno dos temas da criação, da queda e da redenção, concentrando-se nos paralelo entre Adão e Cristo. Adão foi originalmente criado em retidão, mas caiu num estado de corrupção e julgamento e, agora, encontramos redenção da maldição da queda ao aceitarmo, pela fé, a obra expiatória de Jesus Cristo em nosso favor. Esses temas podem ser encontrados em todos os credos e catecismos reformados (CFW 6,7; BC 15-26; CM 21-45; CB 14-17; CH 6-20).
           As Escrituras ensinam pelo menos cinco verdades fundamentais relacionadas à queda:
1. Deus conferiu ao primeiro homem o papel de representante de toda a sua posteridade, do mesmo modo que, mais tarde, designou Jesus Cristo como representante de todos os eleitos de Deus (Rm 5.15-19 com 8.29-30; 9.22-26).

2. Deus colocou o primeiro homem num estado de alegria pura e prometeu que ele e seus descentendes continuariam nesse estado se ele demonstrasse fidelidade e obediência total --- de modo específico, ao não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

3. O pecado de Adão e Eva colocou-se, e a aos seus descendentes (toda a humanidade), sob o jugo do pecado e da culpa, de modo que eles e todos os seres humanos passaram a sentir vergonha e medo diante de Deus (Gn 3.7-11). O primeiro casal foi amaldiçoado com expectativas de dor e morte e expulso do paraiso do Éden (Gn 3.14-24).

4. Toda a criação foi colocada sob uma maldição divina em consequência do pecado de Adão e Eva. A atual desarmonia na natureza que, com frequência, torna o mundo um ambiente hostil para todos os seres vivos, é resultante da queda (Rm 8.20-23).

5. Já nos dias de Adão e Eva Deus começou a demonstrar misericórdia mediante a sua promessa de que, um dia, a descendência da mulher feriria a cabeça da serpente (Gn 3.15). Essa promessa se cumpriu em Cristo, que redime o seu povo e restaura a criação à sua ordem devida (Rm 8.20-21; Ap 21.1-5).
           A narrativa da queda fornece uma explicação histórica convincente da perverção humana e da corrupção da natureza. Se não crermos na veracidade do relato de Gênesis, teremos grande dificuldade em entender Cristo, a quem o Novo Testamento descreve como "o último Adão" (1 Co 15.45), pois, por meio de sua morte sacrificial e ressurreição, ele revogou os efeitos trágicos dos atos do primeiro Adão (Rm 5.12-19; 1Co 15.22).

Abreviaturas:
CFW - Confissão de Fé de Westminster
BC - Breve Catecismo
CM - Catecismo Maior
CB - Confissão Belga
CH - Catecismo de Heildelberg

Fonte: Artigo extraido da Bíblia de Estudo de Genebra
2ª Edição Revisada e Ampliada
 

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