Deus criou tudo, e tudo que fez era bom, mas aquilo que criou para ser bom não era um fim em si mesmo, foi-nos dado como bom para que nós fôssemos impelidos a adorá-lo. Noutras palavras, quando você e eu tomamos um bocado de comida, isso deveria nos induzir à adoração – não da comida, claro, mas do Criador dos alimentos. Quando eu ou você sentimos o calor do abraço de nosso filho, isso deveria atiçar em nós a adoração. Ao sentir o calor do sol em nosso rosto, isso deveria criar adoração. Quando sentimos o cheiro da chuva, isso deveria fazer com que adorássemos quem a fez. Poderíamos continuar com exemplo após exemplo, sem fim. A bondade da criação não é para declarar a si mesma, mas agir como sinaleiro que aponte para o céu. Por esta razão é que Paulo podia dizer: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10.31). Ele trabalha com o pressuposto de que qualquer coisa que façamos pode ser feito para a glória de Deus.
Afinal, nunca estamos em estado de não adoração. É fácil ver que fomos criados para adorar. Somos totalmente desesperados por isso. Desde o fanatismo nos esportes até os tablóides das celebridades, e todas as outras espécies de voyeurismos que hoje em dia são normais em nossa cultura, evidenciamos que fomos criados para olhar para algo além de nós mesmos e nos maravilharmos, desejarmos, gostarmos com zelo, amarmos com afeto. Nossos pensamentos, nossos desejos, nossos comportamentos são sempre orientados a alguma coisa, ou seja, sempre estamos adorando – atribuindo valor a algo. Se não for Deus, o alvo desse culto é algum ídolo. Mas de qualquer jeito, não há como desligar o interruptor de adoração de nossos corações. Tim Keller escreve:
Sendo assim, a criação nos leva a olhar algo além de nós e nos maravilharmos disso. Toda a criação nos foi dada para que contemplássemos o tremendo Deus que tudo criou e o fez bom. João Calvino escreve:
Contudo, fomos feitos para adorar, planejados para dar glória a algo bem maior que nós mesmos. Sendo assim, interagimos com a terra de modo a sempre mover o coração e mente quanto à bondade, beleza e graça de Deus naquilo que ele nos deu, desde sua criatividade na invenção de sabores até sua beneficência em dar-nos o calor do Sol. O testemunho consistente das Escrituras é este: a principal empreitada de Deus é para sua própria glória. Conforme aprendemos no primeiro capítulo, o ponto principal da Bíblia é o glorioso respeito devido a Deus. Assim, o propósito principal da vida humana deve ser considerar a glória de Deus.
Imagino que a maioria dos que leem este livro terá pelo menos três refeições no dia, ou no mínimo, poderia comer se quisesse. Perdemos de vista que a maior parte do resto do mundo não consegue fazer isso. Assim, em vez de fazer uma oração trivial de agradecimento a Deus pedindo que abençoe o alimento, por que não entrar em cheia e dizer: "Obrigado, Deus, porque o Senhor provê isso, e o fez de modo a requerer muito pouco esforço da minha parte, e porque o Senhor poderia tirar tudo isso em um único instante, mas não o faz"? Que tal gratidão pela provisão de Deus acima da gratidão pela glória criativa de Deus na criação de sabores e em como tudo combina?
É a razão da criação de Deus. A razão da bondade de sua criação. Nosso reconhecimento e prazer na glória de Deus.
Fonte: Trecho do livro "O Evangelho Explícito", publicado pela Editora Fiel em 2013
Tradução: Elizabeth Gomes
Revisão: Márcia Gomes
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